terça-feira, novembro 09, 2010

Negrume

Vivo preso no luto da tua ausência… Ausência tantas vezes por mim imposta.

Da dor do teu sofrimento, alimento o meu próprio sofrimento. Da inabalável vontade de estar contigo, surge a força que me aviva a cada dia…

Vagueio, meio perdido, pela calçada da cidade que me viu crescer… calçada de negro basalto que fez esta ilha surdir no Atlântico a fogo e fúria das entranhas da Terra… calçada negra como a minh’alma que em silêncio sofre pelo teu sofrer.

Será esta a sina desta triste criatura por Deus colocada na Terra? Será ao Homem tão difícil a compreensão do amor no que tem de mais essencial? Interrogações… reticências… é tudo o que sou neste momento!

Mas não se julgue isto o lamento de um Homem triste a dar o último passo rumo ao abismo… São antes projecções de uma alma que sofre, como todas aquelas que realmente se encontram vivas, e de um coração que ama, com tudo aquilo que tem para dar.

Tu que alimentas o meu ser com a simples memória de ti… Tu que és a estrela que mais brilha no meu céu nocturno… A ti que mais amo, que mais és e mais quero que sejas na minha vida… A ti entrego o meu amor, ainda que em tempos conturbados estes pareça apenas uma miragem ou um resquício daquilo que foi…

A ti, o meu eterno amor!

Eros